Em Baden-Baden (Alemanha), o presidente americano, Barack Obama, liderará uma "discussão substancial" sobre a revitalização da organização, um documento que descreverá como a organização deverá se portar diante das "ameaças do século 21" --o terrorismo, a proliferação nuclear e a pirataria.
A revisão estratégica da aliança militar é parte de um processo de renovação para que a Otan possa encontrar, 60 anos após sua criação e em um contexto completamente diferente da oposição capitalismo e socialismo da Guerra Fria.
Afeganistão
Popular na Europa, Obama é a atração central da cúpula e aproveita os flashes e abraços para trazer, pela primeira vez, seu apelo por maior apoio dos aliados à Guerra do Afeganistão, a primeira ação militar da aliança fora da Europa. Os EUA pressionam os parceiros a aumentar a contribuição em soldados, civis e dinheiro, mas os europeus se mostram resistentes em investir mais em um conflito que, oito anos depois, vive seu mais violento período. Esse conflito vai além dos interesses dos 28 países membros: "A [rede terrorista] Al Qaeda é um fenômeno globalizado que deve preocupar não apenas os EUA e a Otan, como todo o resto do mundo. [...] Nenhum Estado é invulnerável ao terrorismo".
Aliança de essência passiva, a Otan entrou em sua primeira operação militar somente 50 anos depois de sua criação. Foi em 1999 quando comandou a ampla ofensiva ocidental na Iugoslávia com o objetivo declarado de interromper os massacres da população albanesa na Província do Kosovo --conflito que, destaca Gardner, ainda não está resolvido, mas que deve ficar à margem do debate deste sábado.
Ameaça nuclear
Outro debate que não pode ser relegado é a não proliferação nuclear. Obama até prometeu nesta sexta-feira (3) acabar "com todas as armas nucleares no mundo", mas preferiu deixar os detalhes para a cúpula com as potências da União Europeia, neste domingo (5).
Com o esforço de reaproximação dos EUA com o Irã, dono de controverso programa nuclear, e a as expectativas pelo lançamento de um foguete norte-coreano, regime que há quatro anos discute sua desnuclearização, o temor de um ataque nuclear parece tão ou talvez mais iminente que na época da Guerra Fria.
Mas 60 anos depois, a Otan parece não ter solução melhor que aguardar passivamente uma ameaça concreta. "O que a Otan pode fazer? Honestamente? Não muito. [...] A Otan daria apoio diplomático e político a possíveis sanções que as potências membros decidissem individualmente", afirma Justin Hastings, do Instituto de Cooperação e Conflito Global da Universidade da Califórnia.
"É uma decisão difícil atacar um país por ameaça de uma bomba nuclear", afirma Hastings, lembrando das armas de destruição em massa que os EUA nunca encontraram no Iraque. Uma lição que a Otan parece não ignorar. "Se eles já tiverem a bomba fabricada, mesmo assim, há pouco o que se fazer sem ignorar a soberania nacional ou começar uma guerra de proporções imprevisíveis".
Mapa dos países integrantes da OTAN (Clique no mapa para ampliar)
MÁRCIA SOMAN MORAESD - Folha Online 04/04/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário